Da última vez que a vi, guardamos nosso “para sempre” em caixas de papelão propositalmente esquecidas na minha última mudança, nos despedimos com um beijo distante do rosto, seguido de uma mudez que certamente desejava boa sorte e mais nada. Fomos juntos até o elevador, esperamos no escuro, quietos e sem cruzar olhares. O elevador chegou e nele ela entrou para sempre, sem ao menos olhar para trás. Da janela do apartamento ainda pude vê-la dentro do carro, desabando em lágrimas, convulsionando em soluços incontroláveis. Fumei um cigarro enquanto ela afastava-se e encolhia rápido, segui aquele automóvel vermelho com os olhos mareados, mas logo não pude mais vê-lo. O cigarro acabou e nossa paixão também.
Ricardo Coiro
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