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segunda-feira, 4 de julho de 2016

Amor sem ardor

Hoje, eu prefiro a paz de um romance tranquilo à uma paixão avassaladora. Sabe aquela relação sem medos, sem cobranças, sem expectativas irreais? Não? Você não sabe o que está perdendo. 

Melhor do que ter alguém a qual você não vive sem, é ter uma pessoa que você viveria sem ela, mas você escolheu para ficar ao seu lado. Não porque seu mundo acabaria se ela partisse e sim porque melhora seus dias por estar ali com você.

Quando você passa por mais de uma paixão daquelas que te faz perder as noites, que te faz quebrar a cabeça, chorar, e pensar que relacionamentos são assim mesmo, turbulentos, cheio de brigas e desafios, e que não existe pessoa perfeita e é por isso que vocês, feitos um pro outro, precisam superar todos esses problemas juntos; é difícil até de perceber que amor não precisa de tantas indas e vindas, de tantos tropeços e quedas para mostrar que é forte.

Pessoa perfeita, realmente, não vai surgir. No entanto, acredite: há amor, onde existe paz. 

Você não precisa perder horas de sono, você não precisa provar que seu amor é forte e supera tudo, você não precisa chorar litros e mais litros e se desculpar o tempo todo por não ser forte o suficiente, por pensar em desistir.

Só quando você se permitir desfrutar de um romance tranquilo você entenderá. Isso é possível, esse amor existe. E você verá que não fazia sentido todas as salivas perdidas em discussões, nem mesmo tanta lágrima derramada tentando entender o que você faz de errado. O que você fez? 

Você descobrirá que medo de perder não significa se importar e que se importar não vem do medo de perder. Você poderá trocar todas aquelas borboletas no estômago e pulgas atrás da orelha, por sorrisos que vem quando você menos espera, sozinha, aqui e ali, e te aquecem a alma por te fazer perceber que algo está mudando dentro de você.

Paixão não precisa ser furacão. Pode ser chuva mansa ou abonança quando o tormento se vai. Paixão pode ser aquele gostinho doce, sem pimenta, aquele compromisso despreocupado, que não cobra, só aparece quando quer, mas que sempre quer estar ali, e está, somente por isso.

domingo, 3 de julho de 2016

Acampamento



Minha vida tem sentido. Tem sim. Mas não posso dizer que me sinto caminhando.

Não.

Não sinto que eu esteja no caminho. Nem certo, nem errado. Apenas não estou nele ainda.

Estou acampada. Animada, ansiosa, esperançosa. Estou preparando a mala, juntando os suprimentos, ainda com a barraca armada, em meio à floresta, pronta para desarmá-la e colocá-la nas costas em rumo ao topo da montanha que já posso enxergar.

O norte está traçado e sinto que chegarei lá.

Sinto. Sentir é o que mais tenho feito enquanto espero os dias passarem. Acendo fogueiras e chuvas caem, dentro de mim, até que o dia de pegar a estrada, chegue.

Não estou perdida, estou em espera. Sei onde estou, e sei onde posso chegar. Observo carinhosamente, todos os dias, a montanha que quero e vou escalar.

Nada está parado. Nem mesmo eu.

As nuvens passam, o rio corre, a natureza age. E eu só espero. Calculo, projeto.

Já peguei o mapa e tracei o rumo. É um mapa em duas dimensões, que não mostra todos os relevos que me esperam. E não sei se precisarei desviar de alguma rota pré-estabelecida por pequenos desafios que não pude prever nesta representação gráfica ainda precária.

Sei que em algum lugar chegarei, pois este acampamento não durará para sempre.

De observadora e estrategista passarei à exploradora e andarilha, caminhando por estradas ora esburacadas, ora floridas. Não importa. Estarei andando no sentido que minha vida tem, me lembrando do acampamento que deixarei pra trás, com sombras de fogueiras e pegadas que ficarão para me lembrar que acabou a hora de esperar.