Minha vida tem sentido. Tem sim.
Mas não posso dizer que me sinto caminhando.
Não.
Não sinto que eu esteja no
caminho. Nem certo, nem errado. Apenas não estou nele ainda.
Estou acampada. Animada,
ansiosa, esperançosa. Estou preparando a mala, juntando os suprimentos, ainda
com a barraca armada, em meio à floresta, pronta para desarmá-la e colocá-la nas
costas em rumo ao topo da montanha que já posso enxergar.
O norte está traçado e sinto
que chegarei lá.
Sinto. Sentir é o que mais tenho
feito enquanto espero os dias passarem. Acendo fogueiras e chuvas caem, dentro
de mim, até que o dia de pegar a estrada, chegue.
Não estou perdida, estou em
espera. Sei onde estou, e sei onde posso chegar. Observo carinhosamente, todos
os dias, a montanha que quero e vou escalar.
Nada está parado. Nem mesmo eu.
As nuvens passam, o rio corre,
a natureza age. E eu só espero. Calculo, projeto.
Já peguei o mapa e tracei o
rumo. É um mapa em duas dimensões, que não mostra todos os relevos que me
esperam. E não sei se precisarei desviar de alguma rota pré-estabelecida por
pequenos desafios que não pude prever nesta representação gráfica ainda
precária.
Sei que em algum lugar
chegarei, pois este acampamento não durará para sempre.
De observadora e estrategista
passarei à exploradora e andarilha, caminhando por estradas ora esburacadas, ora
floridas. Não importa. Estarei andando no sentido que minha vida tem, me lembrando
do acampamento que deixarei pra trás, com sombras de fogueiras e pegadas que ficarão
para me lembrar que acabou a hora de esperar.
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