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domingo, 3 de julho de 2016

Acampamento



Minha vida tem sentido. Tem sim. Mas não posso dizer que me sinto caminhando.

Não.

Não sinto que eu esteja no caminho. Nem certo, nem errado. Apenas não estou nele ainda.

Estou acampada. Animada, ansiosa, esperançosa. Estou preparando a mala, juntando os suprimentos, ainda com a barraca armada, em meio à floresta, pronta para desarmá-la e colocá-la nas costas em rumo ao topo da montanha que já posso enxergar.

O norte está traçado e sinto que chegarei lá.

Sinto. Sentir é o que mais tenho feito enquanto espero os dias passarem. Acendo fogueiras e chuvas caem, dentro de mim, até que o dia de pegar a estrada, chegue.

Não estou perdida, estou em espera. Sei onde estou, e sei onde posso chegar. Observo carinhosamente, todos os dias, a montanha que quero e vou escalar.

Nada está parado. Nem mesmo eu.

As nuvens passam, o rio corre, a natureza age. E eu só espero. Calculo, projeto.

Já peguei o mapa e tracei o rumo. É um mapa em duas dimensões, que não mostra todos os relevos que me esperam. E não sei se precisarei desviar de alguma rota pré-estabelecida por pequenos desafios que não pude prever nesta representação gráfica ainda precária.

Sei que em algum lugar chegarei, pois este acampamento não durará para sempre.

De observadora e estrategista passarei à exploradora e andarilha, caminhando por estradas ora esburacadas, ora floridas. Não importa. Estarei andando no sentido que minha vida tem, me lembrando do acampamento que deixarei pra trás, com sombras de fogueiras e pegadas que ficarão para me lembrar que acabou a hora de esperar.

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