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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Viver extravia

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Hoje uma amiga me pediu desculpas porque perdeu o livro que a presenteei de aniversário, em um passeio no parque. Então eu pensei, que bom, pois tenho tantos livros na estante que não tirei de lá pra ler, muito menos para levar num passeio ao parque.

Aprendamos um pouco mais com a leveza da felicidade das crianças. As julgamos por quebrarem seus brinquedos. Mas elas não estão fazendo nada de mais, elas só estão sendo felizes, elas só estão vivendo. Os brinquedos que elas não gostam, geralmente, ficam num canto,  muitas vezes intactos.

Assim como nós. Por que nós estragamos ou extraviamos justo aquelas coisas que nós mais gostamos?

Porque roupas muito bem guardadas não mancham, rasgam ou desbotam. Acessórios não quebram por enroscarem em algo ou caem no meio de uma pista de dança para nunca mais serem encontrados, se ficarem seguros dentro de um porta-jóias. Não molhamos, rasgamos ou perdemos livros que ficam enfeitando a estante de casa. Tênis não furam e saltos não quebram, dentro da sapateira. A caneca não suja se ninguém colocar café dentro dela, o sofá não rasga numa vitrine de loja e a panela não encarde, se não for tirada da caixa. Maquiagens, cremes e perfumes nunca vão terminar, se nunca forem usados.

Um objeto guardado é só mais um objeto. Uma coisa é só uma coisa. Não cria vida sozinha. Um objeto só vira lembrança, quando estão vivendo com a gente.

E viver mancha, quebra, desbota, molha, rasga, perde.

Por isso, não se entristeça quando algo não tão bom assim acontecer com algo que é seu, fique feliz por você ter usado um objeto, que podia ser só mais um objeto, para fazer parte da sua felicidade.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Amor sem ardor

Hoje, eu prefiro a paz de um romance tranquilo à uma paixão avassaladora. Sabe aquela relação sem medos, sem cobranças, sem expectativas irreais? Não? Você não sabe o que está perdendo. 

Melhor do que ter alguém a qual você não vive sem, é ter uma pessoa que você viveria sem ela, mas você escolheu para ficar ao seu lado. Não porque seu mundo acabaria se ela partisse e sim porque melhora seus dias por estar ali com você.

Quando você passa por mais de uma paixão daquelas que te faz perder as noites, que te faz quebrar a cabeça, chorar, e pensar que relacionamentos são assim mesmo, turbulentos, cheio de brigas e desafios, e que não existe pessoa perfeita e é por isso que vocês, feitos um pro outro, precisam superar todos esses problemas juntos; é difícil até de perceber que amor não precisa de tantas indas e vindas, de tantos tropeços e quedas para mostrar que é forte.

Pessoa perfeita, realmente, não vai surgir. No entanto, acredite: há amor, onde existe paz. 

Você não precisa perder horas de sono, você não precisa provar que seu amor é forte e supera tudo, você não precisa chorar litros e mais litros e se desculpar o tempo todo por não ser forte o suficiente, por pensar em desistir.

Só quando você se permitir desfrutar de um romance tranquilo você entenderá. Isso é possível, esse amor existe. E você verá que não fazia sentido todas as salivas perdidas em discussões, nem mesmo tanta lágrima derramada tentando entender o que você faz de errado. O que você fez? 

Você descobrirá que medo de perder não significa se importar e que se importar não vem do medo de perder. Você poderá trocar todas aquelas borboletas no estômago e pulgas atrás da orelha, por sorrisos que vem quando você menos espera, sozinha, aqui e ali, e te aquecem a alma por te fazer perceber que algo está mudando dentro de você.

Paixão não precisa ser furacão. Pode ser chuva mansa ou abonança quando o tormento se vai. Paixão pode ser aquele gostinho doce, sem pimenta, aquele compromisso despreocupado, que não cobra, só aparece quando quer, mas que sempre quer estar ali, e está, somente por isso.

domingo, 3 de julho de 2016

Acampamento



Minha vida tem sentido. Tem sim. Mas não posso dizer que me sinto caminhando.

Não.

Não sinto que eu esteja no caminho. Nem certo, nem errado. Apenas não estou nele ainda.

Estou acampada. Animada, ansiosa, esperançosa. Estou preparando a mala, juntando os suprimentos, ainda com a barraca armada, em meio à floresta, pronta para desarmá-la e colocá-la nas costas em rumo ao topo da montanha que já posso enxergar.

O norte está traçado e sinto que chegarei lá.

Sinto. Sentir é o que mais tenho feito enquanto espero os dias passarem. Acendo fogueiras e chuvas caem, dentro de mim, até que o dia de pegar a estrada, chegue.

Não estou perdida, estou em espera. Sei onde estou, e sei onde posso chegar. Observo carinhosamente, todos os dias, a montanha que quero e vou escalar.

Nada está parado. Nem mesmo eu.

As nuvens passam, o rio corre, a natureza age. E eu só espero. Calculo, projeto.

Já peguei o mapa e tracei o rumo. É um mapa em duas dimensões, que não mostra todos os relevos que me esperam. E não sei se precisarei desviar de alguma rota pré-estabelecida por pequenos desafios que não pude prever nesta representação gráfica ainda precária.

Sei que em algum lugar chegarei, pois este acampamento não durará para sempre.

De observadora e estrategista passarei à exploradora e andarilha, caminhando por estradas ora esburacadas, ora floridas. Não importa. Estarei andando no sentido que minha vida tem, me lembrando do acampamento que deixarei pra trás, com sombras de fogueiras e pegadas que ficarão para me lembrar que acabou a hora de esperar.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Nem sempre nós ficamos com os amores das nossas vidas

Eu acredito em grandes amores.

Mas falo e namoro como se não acreditasse.

Eu não tenho expectativas fúteis para o romance. Eu não estou à espera de sentir aquela sensação estranha de estar a flutuar. Eu sou um daqueles indivíduos raros, talvez um pouco cansados, que realmente gosta deste ambiente atual de conexão entre as pessoas e é feliz por viver numa época em que a monogamia não é necessariamente a norma.

Mas eu acredito em grandes amores, porque já tive um.

Eu tive esse amor que tudo consome. O amor do tipo “eu não posso acreditar que isto existe no mundo físico”.

O tipo de amor que irrompe como um incêndio incontrolável e então se torna brasa que queima em silêncio, confortavelmente, durante amor. O tipo de amor que escreve romances e sinfonias. O tipo de amor que ensina mais do que tu pensaste que poderias aprender, e dá de volta infinitamente mais do que recebe.

É amor do tipo “amor da tua vida”.

E eu acredito que funciona assim:

Se tu tiveres sorte, conhecerás o amor da tua vida. Tu estarás com ele, darás tudo de ti a ele e permitirás que sua influência te mude em medidas insondáveis. É uma experiência como nenhuma outra.


Mas aqui está o que os contos de fadas não te vão dizer - às vezes, encontramos os amores das nossas vidas, mas não conseguimos mantê-los.


Nós não chegamos a casar-nos com eles, nem passamos anos ao lado deles, nem seguraremos as suas mãos nos seus leitos de morte depois de uma vida bem vivida juntos.

Nós nem sempre conseguimos ficar com os amores da nossa vida, porque no mundo real, o amor não conquista tudo. Ele não resolve as diferenças irreparáveis, não triunfa sobre a doença, ele não preenche fendas religiosas e nem nos salva de nós mesmos quando estamos perdidos.

Nós nem sempre chegamos a ficar com os amores das nossas vidas, porque às vezes o amor não é tudo o que existe. Às vezes tu queres uma casa num pequeno país com três filhos e ele quer uma carreira movimentada na cidade. Às vezes tu tens um mundo inteiro para explorar e ele tem medo de se aventurar fora do seu quintal. Às vezes tu tens sonhos maiores do que os do outro.

Às vezes, a maior atitude de amor que tu podes ter é simplesmente deixar o outro ir.

Outras vezes, tu não tens escolha.

Mas aqui está outra coisa que não vão contar sobre encontrar o amor da tua vida: não viveres toda a tua vida ao lado dele não desqualifica o seu significado.

Algumas pessoas podem amar-te mais em um ano do que outras poderiam te amar em cinquenta anos. Algumas pessoas podem ensinar-te mais em um único dia do que outras durante toda a sua vida.

Algumas pessoas entram nas nossas vidas apenas por um determinado período de tempo, mas causam um impacto que mais ninguém pode igualar ou substituir.

E quem somos nós para chamas essas pessoas de algo que não seja “amores das nossas vidas”?

Quem somos nós para minimizar a sua importância, para reescrever as suas memórias, para alterar as formas em que nos mudaram para melhor, simplesmente porque os nossos caminhos divergiram? Quem somos nós para decidir que precisamos desesperadamente substituí-los – encontrar um amor maior, melhor, mais forte, mais apaixonado que pode durar por toda a vida?

Talvez nós devêssemos simplesmente ser gratos por termos encontrado essas pessoas.

Por termos chegado a amá-las. Por termos aprendido com elas. Pelas nossas vidas se terem expandido e florescido como resultado de tê-las conhecido.

Encontrar e deixar o amor da tua vida não tem que ser a tragédia da tua vida.

Deixá-lo pode ser tua maior bênção.


Afinal, algumas pessoas nunca chegam sequer a encontrá-lo.

Heidi Priebe (tradução)

~ Retirado de http://jafoste.net/nem-sempre-nos-ficamos-com-os-amores-das-nossas-vidas/

terça-feira, 17 de maio de 2016

Voltei a escrever

A gente podia ter dado certo. Quem vai saber? Pesquisas mostraram que a maioria das pessoas, no momento de sua morte, não se arrependem daquilo que fizeram, mas do que não fizeram. Mas se a vida é feita de escolhas é impossível viver tudo. Algo sempre ficará por ser feito. Sendo assim, esse tal arrependimento é inerente à vida humana. 

No entanto, esse texto não é sobre arrependimento, é sobre aprendizado, e por isso quero te confessar algumas coisas, algumas coisas que você não sabe sobre mim, que, talvez, nem eu mesma sabia.

Com você encontrei algumas respostas que estavam desorganizadas dentro de mim. 

Espero saber aplicar este novo conhecimento, espero não esquecer dele nas horas cruciais. Pois, eu já sabia que fazia mal ficar levando uma situação banal adiante por não saber lidar direito com ela, por ficar brigando comigo mesma, por ter medo de colocar um ponto final; porém eu ainda ignorava o poder da conversa e o quando ela pode trazer paz.

Eu também acabei ignorando o fato de que o momento que eu mais gostei de viver dia-a-dia, foi quando eu estive "fora de casa". Eu gosto da minha vida independente, eu gosto de cozinhar para dois, eu gosto de ter a minha casa, meu lar é lá fora. E eu ainda quero isso, eu ainda preciso disso e eu busco isso. Contudo, depois de um grande tropeço eu fui ficando mais cautelosa, eu queria aquela vida, mas sem aqueles problemas que me puxavam para trás. Bem, mas isso seria perfeito! E a perfeição não existe.

E você jamais seria o cara perfeito, pois você é de verdade. Você é o cara que manda um parágrafo de resposta ao invés de um emoji, você gosta de discutir sobre diversos assuntos por horas. Por outro lado, você me irrita, às vezes, muitas vezes. Mas talvez, eu aprendesse a lidar com isso. Talvez eu até aprendesse a cozinhar pratos que agradem seu paladar selecionado (sentiu o tom de ironia, né?).

Porém, como eu disse, este não é um texto de arrependimento, é um texto sobre o que eu aprendi com você. E eu aprendi que da próxima vez eu vou prestar mais atenção ao que me agrada e menos ao que me faria pular fora, da próxima vez, eu vou falar quando tiver vontade e vou deixar mais claro que eu me importo com quem se importa comigo, vou dizer que sinto saudades, mandar mensagem de bom dia, mesmo que tenha sido eu quem tenha mandado o boa noite, e mesmo que a resposta demore duas horas pra chegar e eu fique puta da cara com isso.

E tudo bem se não sair como o esperado. No fim, pelo menos algum texto eu acabo escrevendo. 

Deixarei o arrependimento para o fim da vida, durante ela eu vou mesmo é aprendendo.

A geração de mulheres "inamoráveis"!

Uma vez, num bar, ela disse-me: “Neste mundo existem pessoas ‘inamoráveis’, e eu sou uma delas”.

Aquilo intrigou-me durante toda a noite... uma palavra fora do dicionários que ela usava para de descrever, e porquê? Observei-a enquanto ela, tímida, finalizava mais um copo de cerveja. Eu estava com ela havia quatro horas, quatro horas onde conversamos sobre filosofia, arte, astrologia, cinema e viagens... Quando ela se dirigia ao empregado de balcão, o bar inteiro parava para vê-la... Tinha o seu carro, a sua casa e era do tipo que não dependia de ninguém, então porquê pensar assim? Ter-se-ia ela fechado para os relacionamentos?

Ela fez uma cara de entediada e chamou-me para caminhar enquanto fumava um cigarro, até a saída sorriu e cumprimentou toda a gente com aquele jeito danado de menina do mundo...

Aquilo era muito pequeno e raso para ela, concluí eu.

Na rua todos passavam apressados, ela divertia-se com os animais abandonados, abaixou-se e entregou a sua garrafa de água para o morador da rua, explicou o endereço de um bar em alemão para um estrangeiro perdido que agradeceu com um sorriso, comprou chicletes de uma criança e na minha cabeça só ecoava: “inamorável”...

Foram horas a observar aquela mulher, até não me aguentar e voltar ao assunto... Eu queria entender melhor, eu queria ua definição como num dicionário. Então ela pegou na minha mão e puxou-me para um bar onde tocava uma bande de rock, ficou em silêncio por longos 30 minutos a observar tudo, até que disse:

-“Olha ao teu redor, estamos aqui já há algum tempo e durante esse tempo passou por nós uma mulher a chorar porque o seu namorado terminou com ela e hoje já está com outra, pois ele acredita que pessoas são substituíveis... naquela mesa estão 10 pessoas e elas não conversam entre si porque estão nos seus smartphones. Talvez aquela mulher de vermelho seja a mulher da vida do rapaz de azul, mas ele nunca saberá pois é orgulhoso demais para tentar. Observa aquele rapaz de pólo no bar, é o terceiro copo de Martini que ele toma enquanto olha para aquela loira, que por sua vez está a tentar chamar a atenção do vocalista que fingirá que ela não existe por causa da ruiva e da morena que ele pega em dias alternados, e ele não pode ficar mal perante as outras.

Olha ao teu redor, não fazemos parte disso, não somos rasos. Não fazemos mesmo parte disso! Entramos sem telefone na mão, na expectativa de encontrar pessoas simpáticas e interessantes, com conversas interessantes, com relações reais e voltamos para casa sozinhos, somos invisíveis num mundo de estatutos onde as pessoas não vão querer-te porque tu moras longe, ou porque não gostam da tua cor de cabelo ou porque tu não curtes os Beatles, acontece tudo tão rápido que as pessoas estão com preguiça de fazer o mínimo de esforço para conhecer realmente alguém. Eu passo por essa legião como um fantasma por eles estão ocupados demais para ver quem está ao redor enquanto procuram alguém no tinder.

E eu importo-me? Não mais. Sou inamorável porque não me importo com nada disso. Não me importo com nenhum desse estatuto, não me importo em quanto tempo levo para conquistar a pessoa, se ela realmente vale a pena, não me importo se terei que atravessar a cidade para vê-la quando tiver saudades e não me importo se ela me presentear com um convite para ir ver o show dos Beatles porque é importante para ela mesmo eu detestando a banda. Porque eu sou assim, e se antes era isto que procurávamos em alguém, hoje em dia somos considerados inamoráveis por mantermos o coração e a mente aberta.”

Naquele momento eu entendi-a, e apaixonei-me pelo mundo dela.


Akasha Lincourt

~Retirado de http://jafoste.net/a-geracao-de-mulheres-inamoraveis/

Hoje

Hoje o dia está lindo. Apesar do frio, o céu não tem nuvens, do jeito que me deixa radiante. Hoje eu tenho muito trabalho a fazer, algo que me deixa contente e animada, faz o dia passar rápido e ser produtivo. Mas hoje, é um dia diferente, um dia em que olho para o céu e procuro um raio de sol que me abrace e faça com que eu me sinta confortável por estar aqui, hoje é um dia que eu espero que me deixem em silêncio, a sós com meus pensamentos.

Hoje eu me pergunto porque te conheci, me pergunto como pode ser possível ter te visto só uma vez e ter sentido tanto quando você escolheu não me dar mais bom dia. Hoje eu penso que se não tivéssemos nos cruzado, sua vida continuaria a mesma, o curso ia seguir da mesma forma, você teria escolhido o mesmo caminho, e eu... Pra mim, hoje seria só mais um dia.

Hoje, penso ainda, que se você não tivesse passado assim tão rápido eu ainda não teria aprendido que quando se sente é melhor que se diga logo de uma vez, que quando se importa é melhor fazer que o outro saiba disso, mesmo que ele entenda tudo errado; e que tentar não magoar não evita lágrimas. 

Hoje, mesmo sem muita certeza, eu digo que teria me arrependido de qualquer forma, pelo erro ou pela hesitação. Hoje eu sei que apego não é mesmo bom, mas que é fácil demais se apegar. E não considero isso muito justo.

Hoje eu entendo que estou longe de entender alguma coisa, a única certeza que tenho é que sentirei uma certa vergonha quando reler esse texto amanhã. Mas hoje, eu precisava dele, eu precisava escrever pra esvaziar a mente, precisava deixar ele aqui, onde todo mundo pode ver, mas ninguém vai encontrar.