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domingo, 26 de maio de 2013

Histórias para uma visita

Quem vier nos visitar, hoje, vai encontrar uma kitinete de três peças, com um violão e um skate no canto de uma parede colorida cheia de desenhos e mensagens, uma guitarra no sofá, junto de uma cozinha não das mais arrumadas. Se quiser conhecer o banheiro e o quarto vão encontrar peças maiores do que geralmente as kitinetes costumam ter, um pouco arrumados, um pouco bagunçados, mas ótimos para um casal, praticamente, recém instalados em uma cidade nova.

Se quiser conversar e saber um pouco mais de como viemos parar aqui, vai saber que se viesse há pouco mais de dois meses atrás, iria encontrar duas peças que, juntas, são do tamanho da atual cozinha e com um banheiro três vezes menor do que o que acabara de ver. Vai descobrir também que se viesse há um pouco menos de seis meses, não teríamos onde o receber, mas poderíamos nos encontrar embaixo de alguma árvore de qualquer um dos parques lindos que esta cidade tem o prazer de oferecer.

Aquele que vier almoçar ou jantar conosco, provavelmente, não saberá que já trocamos a comida de mãe (que saudade!) por bolacha, salgados e sanduíches e outras refeições suspeitas. Quem entrar na nossa casa hoje, mal poderá imaginar que já passamos quase um mês vivendo dentro de um quarto, em qual os únicos móveis eram duas cadeiras que improvisávamos como cabides e prateleiras, um colchão no qual fugíamos do cansaço de andar pra cima e pra baixo procurando emprego, e onde, vez em quando, depois de uma boa chuva, encontrávamos um suave alagamento (e só temos a agradecer a estes que nos acolheram, pois sabemos que fizeram o melhor para nos abrigar, e sem sua ajuda ainda estaríamos apenas sonhando com a mudança). 


E tudo, foi bem mais fácil do que se imaginava, tudo passou mais rápido do que se contava. O sofrimento parece bem maior, hoje, olhando para trás, do que no tempo em que ele era presente, pois a felicidade de estar vivendo o nosso sonho, por mais estranho que fosse ele, nos tirava a atenção das dores e dos choros. E para quem vier nos visitar, hoje, contaria tudo isso não para mostrar a nossa conquista, mas para incentivá-lo a conquistar também o seu próprio mundo.

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