Uns dias atrás estava conversando com um amigo sobre a forma que os pais estão educando seus filhos, os superprotegendo de tudo, com medo que eles caiam, se machuquem, fiquem com algumas cicatrizes no joelho ou um arranhão no rosto. Nesta conversa surgiu uma frase mais ou menos assim: "Criança que não cai, não aprende a levantar. Aí com quinze anos ao levar um empurrão, vai ficar no chão chorando para que sua mãe venha e o levante". Naquele momento foi só uma conversa de indignação, por saber o quanto os pais estão acabando com a vida de seus próprios filhos tomando atitudes superprotetoras, mas hoje essa frase ecoou na minha cabeça de uma forma diferente.
Quando somos crianças nossos tombos, machucados e doenças são físicos, nos quais a dor é muito mais fácil de se entender e passa mais rápido também. Não são menos importantes, pois precisamos nos tornar resistentes fisicamente para poder enfrentar problemas um pouco mais complicados: os espirituais e emocionais. Estes que não sabemos porque doem, porque perturbam tanto, quanto tempo vão demorar para passar, se vão cicatrizar... Estresse, raiva, tristeza, aflição, ansiedade, saudade, entre outros...
Nestas horas, quando a cabeça ou o coração doem muito e parece que o sofrimento não vai ter fim, costumamos questionar o porquê das coisas acontecerem e por que deus deixa que coisas ruins aconteçam com pessoas que parecem não merecer. O fato é que deus é um bom pai, boa mãe, bom educador; ele sabe que nós precisamos cair, precisamos nos machucar, precisamos de cicatrizes, de arranhões... e mais, ele sabe qual é o nosso limite, o quanto podemos suportar, apesar de nós duvidarmos e querermos desistir no meio do caminho.
Lembre-se de quando você era criança, caiu e raspou o joelho na calçada (sabe quando queima, arde, sai sangue? bem assim), então você assoprou, assoprou e que por mais que você assoprasse, a dor insistia, parecia que nunca iria passar. Mas veja que milagre, não é que minutos depois a dor passou? Ela incomodou mais alguns dias, quando você vestia uma calça, mas isso também passou. E hoje se você cair e raspar o joelho, não vai chorar desesperado achando que não vai passar nunca.
Com os outros tombos da vida funciona mais ou menos da mesma maneira, com propósitos diferentes, mas sempre para algum aprendizado, alguns mais perceptíveis, outros nem tanto. Mas não esqueça: só se aprende a levantar, caindo, e o que importa é não ficar no chão.
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