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terça-feira, 17 de maio de 2016

Voltei a escrever

A gente podia ter dado certo. Quem vai saber? Pesquisas mostraram que a maioria das pessoas, no momento de sua morte, não se arrependem daquilo que fizeram, mas do que não fizeram. Mas se a vida é feita de escolhas é impossível viver tudo. Algo sempre ficará por ser feito. Sendo assim, esse tal arrependimento é inerente à vida humana. 

No entanto, esse texto não é sobre arrependimento, é sobre aprendizado, e por isso quero te confessar algumas coisas, algumas coisas que você não sabe sobre mim, que, talvez, nem eu mesma sabia.

Com você encontrei algumas respostas que estavam desorganizadas dentro de mim. 

Espero saber aplicar este novo conhecimento, espero não esquecer dele nas horas cruciais. Pois, eu já sabia que fazia mal ficar levando uma situação banal adiante por não saber lidar direito com ela, por ficar brigando comigo mesma, por ter medo de colocar um ponto final; porém eu ainda ignorava o poder da conversa e o quando ela pode trazer paz.

Eu também acabei ignorando o fato de que o momento que eu mais gostei de viver dia-a-dia, foi quando eu estive "fora de casa". Eu gosto da minha vida independente, eu gosto de cozinhar para dois, eu gosto de ter a minha casa, meu lar é lá fora. E eu ainda quero isso, eu ainda preciso disso e eu busco isso. Contudo, depois de um grande tropeço eu fui ficando mais cautelosa, eu queria aquela vida, mas sem aqueles problemas que me puxavam para trás. Bem, mas isso seria perfeito! E a perfeição não existe.

E você jamais seria o cara perfeito, pois você é de verdade. Você é o cara que manda um parágrafo de resposta ao invés de um emoji, você gosta de discutir sobre diversos assuntos por horas. Por outro lado, você me irrita, às vezes, muitas vezes. Mas talvez, eu aprendesse a lidar com isso. Talvez eu até aprendesse a cozinhar pratos que agradem seu paladar selecionado (sentiu o tom de ironia, né?).

Porém, como eu disse, este não é um texto de arrependimento, é um texto sobre o que eu aprendi com você. E eu aprendi que da próxima vez eu vou prestar mais atenção ao que me agrada e menos ao que me faria pular fora, da próxima vez, eu vou falar quando tiver vontade e vou deixar mais claro que eu me importo com quem se importa comigo, vou dizer que sinto saudades, mandar mensagem de bom dia, mesmo que tenha sido eu quem tenha mandado o boa noite, e mesmo que a resposta demore duas horas pra chegar e eu fique puta da cara com isso.

E tudo bem se não sair como o esperado. No fim, pelo menos algum texto eu acabo escrevendo. 

Deixarei o arrependimento para o fim da vida, durante ela eu vou mesmo é aprendendo.

A geração de mulheres "inamoráveis"!

Uma vez, num bar, ela disse-me: “Neste mundo existem pessoas ‘inamoráveis’, e eu sou uma delas”.

Aquilo intrigou-me durante toda a noite... uma palavra fora do dicionários que ela usava para de descrever, e porquê? Observei-a enquanto ela, tímida, finalizava mais um copo de cerveja. Eu estava com ela havia quatro horas, quatro horas onde conversamos sobre filosofia, arte, astrologia, cinema e viagens... Quando ela se dirigia ao empregado de balcão, o bar inteiro parava para vê-la... Tinha o seu carro, a sua casa e era do tipo que não dependia de ninguém, então porquê pensar assim? Ter-se-ia ela fechado para os relacionamentos?

Ela fez uma cara de entediada e chamou-me para caminhar enquanto fumava um cigarro, até a saída sorriu e cumprimentou toda a gente com aquele jeito danado de menina do mundo...

Aquilo era muito pequeno e raso para ela, concluí eu.

Na rua todos passavam apressados, ela divertia-se com os animais abandonados, abaixou-se e entregou a sua garrafa de água para o morador da rua, explicou o endereço de um bar em alemão para um estrangeiro perdido que agradeceu com um sorriso, comprou chicletes de uma criança e na minha cabeça só ecoava: “inamorável”...

Foram horas a observar aquela mulher, até não me aguentar e voltar ao assunto... Eu queria entender melhor, eu queria ua definição como num dicionário. Então ela pegou na minha mão e puxou-me para um bar onde tocava uma bande de rock, ficou em silêncio por longos 30 minutos a observar tudo, até que disse:

-“Olha ao teu redor, estamos aqui já há algum tempo e durante esse tempo passou por nós uma mulher a chorar porque o seu namorado terminou com ela e hoje já está com outra, pois ele acredita que pessoas são substituíveis... naquela mesa estão 10 pessoas e elas não conversam entre si porque estão nos seus smartphones. Talvez aquela mulher de vermelho seja a mulher da vida do rapaz de azul, mas ele nunca saberá pois é orgulhoso demais para tentar. Observa aquele rapaz de pólo no bar, é o terceiro copo de Martini que ele toma enquanto olha para aquela loira, que por sua vez está a tentar chamar a atenção do vocalista que fingirá que ela não existe por causa da ruiva e da morena que ele pega em dias alternados, e ele não pode ficar mal perante as outras.

Olha ao teu redor, não fazemos parte disso, não somos rasos. Não fazemos mesmo parte disso! Entramos sem telefone na mão, na expectativa de encontrar pessoas simpáticas e interessantes, com conversas interessantes, com relações reais e voltamos para casa sozinhos, somos invisíveis num mundo de estatutos onde as pessoas não vão querer-te porque tu moras longe, ou porque não gostam da tua cor de cabelo ou porque tu não curtes os Beatles, acontece tudo tão rápido que as pessoas estão com preguiça de fazer o mínimo de esforço para conhecer realmente alguém. Eu passo por essa legião como um fantasma por eles estão ocupados demais para ver quem está ao redor enquanto procuram alguém no tinder.

E eu importo-me? Não mais. Sou inamorável porque não me importo com nada disso. Não me importo com nenhum desse estatuto, não me importo em quanto tempo levo para conquistar a pessoa, se ela realmente vale a pena, não me importo se terei que atravessar a cidade para vê-la quando tiver saudades e não me importo se ela me presentear com um convite para ir ver o show dos Beatles porque é importante para ela mesmo eu detestando a banda. Porque eu sou assim, e se antes era isto que procurávamos em alguém, hoje em dia somos considerados inamoráveis por mantermos o coração e a mente aberta.”

Naquele momento eu entendi-a, e apaixonei-me pelo mundo dela.


Akasha Lincourt

~Retirado de http://jafoste.net/a-geracao-de-mulheres-inamoraveis/

Hoje

Hoje o dia está lindo. Apesar do frio, o céu não tem nuvens, do jeito que me deixa radiante. Hoje eu tenho muito trabalho a fazer, algo que me deixa contente e animada, faz o dia passar rápido e ser produtivo. Mas hoje, é um dia diferente, um dia em que olho para o céu e procuro um raio de sol que me abrace e faça com que eu me sinta confortável por estar aqui, hoje é um dia que eu espero que me deixem em silêncio, a sós com meus pensamentos.

Hoje eu me pergunto porque te conheci, me pergunto como pode ser possível ter te visto só uma vez e ter sentido tanto quando você escolheu não me dar mais bom dia. Hoje eu penso que se não tivéssemos nos cruzado, sua vida continuaria a mesma, o curso ia seguir da mesma forma, você teria escolhido o mesmo caminho, e eu... Pra mim, hoje seria só mais um dia.

Hoje, penso ainda, que se você não tivesse passado assim tão rápido eu ainda não teria aprendido que quando se sente é melhor que se diga logo de uma vez, que quando se importa é melhor fazer que o outro saiba disso, mesmo que ele entenda tudo errado; e que tentar não magoar não evita lágrimas. 

Hoje, mesmo sem muita certeza, eu digo que teria me arrependido de qualquer forma, pelo erro ou pela hesitação. Hoje eu sei que apego não é mesmo bom, mas que é fácil demais se apegar. E não considero isso muito justo.

Hoje eu entendo que estou longe de entender alguma coisa, a única certeza que tenho é que sentirei uma certa vergonha quando reler esse texto amanhã. Mas hoje, eu precisava dele, eu precisava escrever pra esvaziar a mente, precisava deixar ele aqui, onde todo mundo pode ver, mas ninguém vai encontrar.